terça-feira, 5 de agosto de 2014

A escolha

NOVA FASE Depois de me divorciar, há alguns meses, resolvi tomar coragem, superei o pré-conceito e me inscrevi no tão falado aplicativo de relacionamentos: o Tinder. À primeira vista, me senti como se estivesse folheando um cardápio de homens virtual. Você aperta o X se não gostar da foto do sujeito ou o símbolo do amor, o coração, caso o ache boa pinta. Isso por si só já garante a diversão de uma sexta-feira à noite sem compromissos. Passei os primeiros dias completamente viciada na brincadeira de escolhe-descarta. Para formar os pares é preciso que o rapaz ao qual você se interessou, ou seja, deu o coração, também tenha dado o mesmo símbolo para você. Feito isso é feita a combinação e abre-se automaticamente uma janela para o bate-papo. Pois bem. Depois de feita a combinação, vem logo a expectativa: “oba, vou conversar com todos esses carinhas interessantes que também me acharam interessantes, legal”. A realidade: cri, cri, cri. Silêncio. Dos 10 primeiros que combinaram comigo, apenas 1 ou 2, no máximo, de fato vieram puxar papo. Primeira barreira a superar: estamos em 2014, não preciso adotar a mesma postura que as mulheres vêm adotando há anos. Queremos direitos iguais, devemos puxar papo. Então, fui em frente e lancei um “oi, tudo bem?” para aqueles da lista que havia achado os mais bonitinhos. Alguns foram simpáticos, responderam, mas o consenso entre todos é ou parece ser apenas um: “não estou muito a fim de papo. Me adiciona no Facebook para eu ver se você vale o meu esforço de ficar aqui conversando ou fingindo estar muito interessado. Depois, saímos num encontro, quem sabe”. A minha experiência antropológica nesse aplicativo não durou nem quatro semanas. Comecei a pegar bode de todos, os papos sempre começam da mesma forma e, quando finalmente decidi sair com um para ver como era, a surpresa: o cara não tinha absolutamente NADA a ver com a foto que ele tornou pública no aplicativo. E de mais a mais, nada melhor do que a velha dupla papo e chope, não é mesmo? Não sucumbi a esta nova era. Relacionamentos não foram feitos para a tecnologia.